Demorei pra escrever isso aqui,

mas acho que ainda está em tempo. Na primeira semana de dezembro de 2007 me aconteceu uma coisa no mínimo interessante. Sabe quando você quer muito uma coisa, mas tanto e tanto que parace que nada mais nesse mundo importa ou faz sentido se não for daquele jeito? Pois é...era assim que eu pensava. Achava eu, desde mil novecentos e eu andava de calcinha pela rua, que minha vida só teria sentido se eu virasse atriz e morasse no Rio de Janeiro. É...nem sei de onde tirei essa idéia, mas passei quase a minha vida inteira determinada a fazer disso uma realidade. Tive brigas gigantescas com meus pais, chorei e esperniei. Tudo para provar que aquele era o meu futuro, gravado à ferro e fogo nas linhas do destino. Pois bem, entre trancos e barrancos, estudei teatro por alguns anos, fiz faculdade de comunicação e planos e preparativos para, no começo de 2005, mudar de mala e cuia para o Rio de Janeiro. O mais engraçado é que tudo nesse mundo acontecia para que eu mudasse de idéia, mas não havia ninguém que pudesse me convencer a ver todos aqueles contratempos como um aviso do destino. Eis que deu tudo errado. Não consegui sair daqui nem para passar uma semana no tão sonhado Rio de Janiero. A partir daí, deu-se uma coisa interessante: a bonita aqui nem vivia direito em Pernambuco por estar arrasada por não ter ido pro Rio e nem tão pouco vivia na cidade maravilhosa, porque não tinha a menor possibilidade de viajar para lá. Alguns meses e lágrimas depois, pessoas iluminadas que entraram na minha vida me fizeram perceber a minha tremenda perda de tempo. Podem perguntar: “Ah, você resolveu que não iria mais ser atriz e que ficaria pra sempre em Pernambuco?”. Claro que não! Aí era bom demais, né? Na verdade, eu resolvi uma parte do meu problema. Atriz, Catharina???? Ficar arrasada porque não está no Rio??? Sai dessa. Primeiro, percebi que não tenho a menor vocação para subir em palco. Segundo, é mesmo chato não ter conseguido ir para o Rio, mas não é o fim do mundo. É só esperar que um dia eu chego lá. Enfim, posto isso, toquei minha vida por aqui mesmo...trabalho, amigos, aventuras...tudo ótimo. Até que, quando eu menos esperava, veio a idéia: “Vamos comprar uma passagem e passar oito dias no Rio”. Poderia até ser uma prévia, o que faltava para eu querer me mudar de vez para aquele lugar. Mas é engraçado como a vida é cheia de surpresas. Saí do aeroporto e entrei num ônibus para ir pro Botafogo, onde eu iria ficar. No caminho, fiquei com olhos vidrados nas janelas, olhando atenta para tudo o que passava. As ruas, os prédios, as pessoas. Acho que passei uns 20 minutos nesse ônibus e mais uns 10 num táxi, até chegar na casa das minhas amigas. Pouco tempo, mas o suficiente para eu concluir algo surpreendente até pra mim: Esse aqui definitivamente não é o meu lugar. Foi um choque pra mim como em tão pouco tempo eu consegui mudar a convicção de uma vida. A cidade é mesmo maravilhosa. Tudo parace ter sido pintado à mão por Deus. Quero voltar lá centenas de vezes. No entanto, em nenhum minuto eu consegui me imaginar morando naquele lugar. Passar alguns meses talvez sim, mas construir uma vida lá nem pensar. Mais impressionante ainda foi a minha segunda conclusão: Pernambuco é o meu lugar. Posso ir morar em qualquer lugar do mundo e passar dias, meses e até anos, mas algo me diz que eu vou acabar sempre voltando para cá. Se alguém me perguntar o que diabos eu vi nesses 25 minutos de trajeto entre o aeroporto e o bairro de Botafogo que me fez mudar de idéia desse jeito eu não vou saber explicar. Mas foi uma certeza tão forte e tão tranquila que eu agradeço até hoje o bendito dia que eu tive a idéia de comprar aquela passagem. Não por ter finalmente conhecido o Rio de Janeiro, mas por ter tido a oportunidade encerrar um ciclo da minha vida. Acho que, na verdade era disso que eu precisava para tocar em frente. É impressionante a sensação de liberdade que oito dias de viagem podem lhe dar.